Em março de 2019, a China promulgou a Lei de Investimento Estrangeiro (“a Lei”), que reestruturou o sistema regulatório de investimento estrangeiro na China. Após a entrada em vigor da Lei, a maior parte do investimento estrangeiro não estará mais sujeita à aprovação ou arquivamento do governo chinês.
Para se adaptar a esta mudança, o Supremo Tribunal Popular da China (SPC) promulgou a Interpretação sobre Diversas Questões Relativas à Aplicação da Lei de Investimento Estrangeiro da República Popular da China (关于 适用 〈中华人民共和国 外商 投资 投资 法〉 若干 问题 的 解释) em 16 de dezembro de 2019. O SPC tenta esclarecer nesta interpretação judicial como os tribunais chineses revisarão os contratos de investimento estrangeiro depois disso.
O Juiz Wang Shumei (王淑梅), Diretor da Quarta Divisão Civil do SPC, o Juiz Gao Xiaoli (高晓 力), Diretor Adjunto da Quarta Divisão Civil do SPC, publicou um artigo intitulado “Entendimento e Aplicação da Interpretação em Vários Assuntos Relacionados à Aplicação do Lei de Investimento Estrangeiro ”(<关于 适用 外商 投资 法 若干 问题 的 解释> 的 理解 与 适用), que deu explicações sobre a interpretação judicial e foi publicada na“ Judicatura Popular ”(人民 司法) (nº 4, 2020). Este post irá apresentar os pontos de vista do referido artigo.
1. Como o tribunal determina a validade do contrato de investimento?
Desde a reforma e abertura, os contratos de investimento estrangeiro têm de ser aprovados pelo governo chinês antes de entrarem em vigor. Sem essa aprovação, o tribunal pode considerar o contrato inválido.
Em 2016, a China alterou as leis relevantes sobre investimento estrangeiro, que estipulavam que os contratos de investimento estrangeiro só precisavam ser arquivados com o governo chinês, desde que não caíssem na Lista Negativa. Mesmo que não seja arquivado, o tribunal ainda pode considerar o contrato válido.
Em 2019, a lei cancelou ainda mais a exigência de arquivamento. Os investidores estrangeiros estão sujeitos à mesma supervisão que os investidores nacionais, desde que o seu investimento não se enquadre na Lista Negativa. Isso significa que, na maioria dos casos, os contratos de investimento não precisam ser aprovados ou protocolados e, portanto, o tribunal não considerará esses contratos inválidos.
No entanto, em áreas específicas, onde os contratos de investimento doméstico precisam de aprovação ou arquivamento, os investidores estrangeiros também devem estar sujeitos a regulamentos semelhantes. Nesse caso, o tribunal considerará os contratos inválidos se não atenderem a tais condições.
2. Como é a validade do contrato se o investimento estrangeiro se enquadrar na Lista Negativa?
A Lista Negativa inclui áreas proibidas e áreas restritas.
Os investidores estrangeiros não podem investir nas áreas proibidas da Lista Negativa. Para as áreas restritas, o investimento estrangeiro deve atender a condições específicas, como o atendimento às Medidas Administrativas Especiais de Acesso Restrito (“as Medidas”) exigidas pela Lista.
Portanto, se um investidor estrangeiro investir em uma área proibida e a parte em questão alegar que o contrato de investimento deve ser inválido, o tribunal deve aceitar a reclamação.
Se um investidor estrangeiro investe em uma área restrita, mas não cumpre as Medidas, e a parte interessada alega que o contrato de investimento deve ser inválido sob o argumento de que o investimento viola as Medidas, o tribunal acatará a reclamação.
No entanto, o tribunal considerará o contrato válido se o investimento estrangeiro, que originalmente pertencia a áreas proibidas ou violou as Medidas, mas sair da Lista Negativa ajustada antes que o julgamento seja feito.
3. Problemas a serem resolvidos
Segundo os autores, ainda existem muitos problemas a serem estudados e resolvidos pelo SPC, embora alguns deles não sejam tão importantes no momento, e alguns deles ainda não tenham uma solução adequada. Portanto, esses problemas não são cobertos pela interpretação judicial. No futuro, o SPC pode formular novas interpretações judiciais para esses problemas não resolvidos.
Por exemplo, anteriormente, disputas relacionadas a contratos de investimento estrangeiro deveriam estar sob a jurisdição exclusiva dos tribunais chineses e deveriam ser regidos pela lei chinesa. Após a entrada em vigor da Lei, o SPC ainda não deixou claro se tais disputas serão tratadas de acordo com a prática anterior. É certo que o SPC seguirá a prática anterior por enquanto.
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Contribuintes: Equipe do Portal de Leis da China